Após uma residência de dois meses no ateliê da ceramista Zezinha, no Vale do Jequitinhonha, Marco Paulo Rolla apresenta a exposição “Pela Pele: Reconstruindo o Homem e a Mulher”, com o resultado do trabalho. A mostra é composta por instalação, esculturas e vídeo-documentário, que ficam em cartaz no Centro de Arte Popular - Cemig até 6 de novembro. A entrada é gratuita.
A proposta da exposição é estimular um diálogo filosófico em torno da questão da existência e da sobrevivência no mundo contemporâneo. Ao agregar o trabalho de escultura em cerâmica do artista contemporâneo à técnica e saberes históricos das ceramistas, a mostra amplia as possibilidades de percepção do mundo, do homem e da arte. Um áudio com depoimentos de ceramistas da região integra a instalação e ajuda a compor essa reflexão.
Além da instalação, a exposição conta com a exibição de um vídeo-documentário dirigido pelo artista Joacélio Batista, que registrou todo o processo de criação das esculturas, as trocas entre os dois artistas e os modos de vida e de criação das ceramistas no Vale do Jequitinhonha.
Nome relevante das artes visuais brasileiras, Marco Paulo Rolla destaca a dimensão desse encontro. “Trata-se de uma oportunidade para mergulhar em um raro acontecimento em nossa cultura, o encontro entre uma arte popular e uma arte erudita em nossa contemporaneidade”, avalia o artista.
Sobre Marco Paulo Rolla
Sua obra reúne desenhos, pinturas, esculturas e performances. Tem como tema o ser humano e suas múltiplas camadas de existências em conflito ou em contato com nosso cotidiano, que propicia a constante perda da essência humana através das normas sociais e de seus valores superficiais. As obras tratam também do poder transmutador de nossa energia cósmica e principalmente do amor do homem por nossa realidade viva, imperfeita, mutante, flexível e poderosa.
Em sua trajetória, o artista utiliza uma infinidade de materiais de maneira a explorar em cada meio suas possibilidades expressivas mais contundentes. Sua obra tem como principal característica a diversidade de meios e a liberdade plena de transitar com sua poética e transmutar visões e sensibilidades diante do diálogo criado entre eles.
Sobre Zezinha
Maria José Gomes da Silva, a Zezinha, é uma das mais prestigiadas artistas do Vale do Jequitinhonha, de Minas Gerais e do Brasil. Nasceu no dia 14 de julho de 1968 no município mineiro de Campo Alegre. Zezinha aprendeu a trabalhar com o barro vendo seus pais, que eram ceramistas. Sua mãe vive até hoje na zona rural de Campo Alegre, onde segue trabalhando com cerâmica juntamente com sua filha Maria de Fátima. Na família, Zezinha foi a que mais projeção teve. Ela é casada com Ulisses Gomes dos Santos, com o qual teve duas filhas, Cláudia e Aline, já iniciadas na arte do barro e prováveis sucessoras da arte de sua mãe. A família mora atualmente na zona rural de Coqueiro Campo, onde trabalha diariamente na modelagem do barro.