De acordo com a cultura das religiões de matrizes africanas, 2022 é regido por Iemanjá, senhora das águas do mar, do poder gerador feminino. A reverência às águas sagradas sempre esteve presente ao longo da carreira de Clara Nunes (1942-1983), servindo como fonte inspiradora das mensagens e da beleza de seu canto. O projeto do show “Nas águas de Clara” nasceu no final do último ano, momento desafiador da pandemia da COVID-19, após pesquisa sobre repertório de cantores e compositores mineiros e constatação do aniversário de 80 anos de nascimento da cantora.
Mineira de Caetanópolis/MG, Clara foi uma das grandes intérpretes da música popular brasileira. Em seu trabalho, fez questão de trazer a valorização cultural das religiões afro-indígenas e a luta contra o preconceito e discriminação racial, temas bastante atuais. Claridade, como era carinhosamente chamada, com sua beleza e força guerreira, foi a primeira mulher no Brasil a vender mais de cem mil cópias de discos, contribuindo para a ampliação do mercado musical às cantoras brasileiras e abrindo alas para o samba, em uma época na qual a música estrangeira dominava o cenário fonográfico nacional.
No repertório em homenagem à cantora, Aldherizo apresenta onze músicas, dentre elas, Conto de areia, Nação, Senhora das Candeias, Canto das três raças, hits de grande sucesso que fazem referência ao resgate da ancestralidade afro-brasileira e ao sagrado feminino. O show conta com a participação especial de Júnia Bertolino, multiartista e referência da dança afro em Belo Horizonte. A apresentação é um convite a um passeio pela história brasileira por meio da linguagem das águas, dos orixás, fonte inspiradora das raízes e do sucesso de Clara Nunes.
Aldherizo é fonoaudiólogo e cantor com formação na Fundação de Educação Artística (FEA) e Escola de Canto Babaya. Traz em seu currículo a participação de professores como Eladio Perez Gonzalez e Paulo Moreira. Já se apresentou em locais como Biblioteca Pública de Belo Horizonte e Teatro de Câmara - Cine Theatro Brasil Vallourec em parceria com a Escola de Canto Babaya. Em 2019, participou da Audição da FEA com a cantora Anna Sabina, apresentando um repertório afro-brasileiro, baseado em pesquisas de cânticos escravos, músicas do candomblé e ritmos como axé e ijexá. Em sua trajetória, Aldherizo, amante da música e espiritualidade, trabalha a africanidade como identidade e realiza um resgate cultural ancestral por meio do canto enquanto forma de liberdade de expressão e fortalecimento de nossas raízes, da arte e da vida.
Para comprar seu ingresso, clique aqui.