Circuito Liberdade recebe o Canjerê, festival de cultura quilombola de Minas Gerais

Comunidades de várias regiões do estado se reúnem entre os dias 11 e 13 de maio. Programação é toda gratuita

 
 

Os 130 anos da abolição da escravatura no Brasil, celebrados em 2018, é tema da terceira edição do Canjerê – Festival de Cultura Quilombola de Minas Gerais, realizado entre os dias 11 e 13 de maio, na Praça da Liberdade e espaços culturais do Circuito Liberdade, em Belo Horizonte.

Mais de 600 quilombolas de diversas comunidades do estado se reúnem na capital mineira com o objetivo de dar visibilidade à cultura tradicional e chamar a atenção para a luta dos quilombolas pelo direito à terra e à vida digna. O projeto vem ao encontro das políticas de salvaguarda do patrimônio imaterial e promoção do desenvolvimento agrário em Minas Gerais.

O Festival é realizado pela Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais -N’Golo com a parceria do Governo do Estado, por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), correalizador do evento e da Cemig, patrocinadora. Tem o apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda-MG), da Prefeitura de Belo Horizonte, do Iphan e Fundação Palmares.

Neste ano, além das 60 barracas com artesanatos, culinária e produtos quilombolas montadas na Alameda da Educação, na Praça da Liberdade, das 10h às 22h, o Canjerê terá exibições de filmes quilombolas, apresentações culturais, oficinas, rodas de conversas, dentre outras atrações nos espaços do Circuito Liberdade.

Cortejos de congado, reinado e batuque também integram a programação do Festival. Ao todo, serão oito grupos de comunidades diferentes: Ribanceira (São Romão); Pinhões (Santa Luzia); Quilombo Nossa Senhora do Rosário (Ribeirão das Neves); Cruzeiro, Brejo, Vila Santo Isidoro, Misericórdia, Moco dos Pretos, Alto Caititu e Caititu do Meio (Berilo e Chapada do Norte); Vila Nova dos poções (Janaúba); Dr. Campolina (Jequitibá); Comunidade Carrapatos da Tabatinga (Bom Despacho); Chacrinha dos Pretos (Belo Vale).

Além das cerca de 30 apresentações das comunidades, haverá shows musicais de artistas como Sérgio Pererê, Pereira da Viola, Samba de Terreiro e, do Rio de Janeiro, o grupo Realidade Negra.

A programação completa pode ser acessada por aqui: http://www.iepha.mg.gov.br/images/noticias/LIVRCanjere_2018.pdf

Comunidades quilombolas participantes

Braço Forte (Salto da Divisa); Teotônio/Malhadinha (Gameleiras); Buriti do Meio, Porto Velho e Bom Jardim da Prata (São Francisco); Barreirinho (Joaíma); Barro Preto (Santa Maria de Itabira); Riacho da Cruz, Alegre, Família Caluzeiros, Água Viva (Januária); Gerais Velho (Ubaí); Lapinha, Praia (Matias Cardoso); Genipapo/Chalé (Santa Fé de Minas); Baú e Arraial dos Crioulos (Araçuaí); Manzo Ngunzo Kaiango, Luízes, Mangueiras (Belo Horizonte); Gameleira, Gurutuba e Vila Nova dos poções (Janaúba); ASPOQUI (Espera Feliz); Espinho (Gouveia); Ribanceira (São Romão); Pinhões (Santa Luzia); Quilombo N Senhora do Rosário (Ribeirão das Neves); Três Barras (Conceição do Mato Dentro); Arturos (Contagem); Malhada Grande (Catuti); Namastê (Ubá); Santa Cruz, Água Limpa e Carneiro(Ouro Verde de Minas); Puris e Brejo (Manga); Macaúbas (Olhos D’água); Vila Nova, Baú e Santa Cruz (Serro); Angical e Borá (Brasília de Minas); Sisqueiro e Santo Antônio do Fanado (Capelinha); Onça, Almas e Pega (Virgem da Lapa); Pontinha (Paraopeba); São Sebastião (Monte Azul); Palmito (Bocaiúva); Mumbuca(Jequitinhonha); Cachoeira dos Forros (Passa Tempo); Arraial do São Domingos (Não informado); Candendês (Barbacena); São Félix (Cantagalo); ASCAXAR (Dom Joaquim); Indaiá (Antônio Dias)

N’Golo e a causa quilombola

Criada em 2005, a partir de uma ampla mobilização, impulsionada, sobretudo, pela promulgação do Decreto 48887/2003, que regulamenta o processo de titulação territorial coletiva destes grupos, a N’Golo tem como objetivo representar as 640 comunidades quilombolas que a integram. Dada a emergência de seu reconhecimento e do acesso ao território em que vivem, diversos grupos quilombolas emergiram no cenário sócio-político reivindicando seus direitos enquanto categoria social específica. 

A luta pelo acesso ao território sintetiza toda uma trajetória dos afro-descentes no Brasil, sobretudo dos quilombolas, que sempre lutaram pela ruptura do escravismo simbolizada pelo tema do Canjerê 2018: os 130 anos da Abolição da Escravatura. E neste contexto de luta pelo acesso aos direitos, de afirmação identitária e pelo reconhecimento dos valores ancestrais que o Canjerê - Festival de Arte e Cultura Quilombola – surge como importante espaço de divulgação da pauta quilombola, de valorização cultural e de reivindicação política. 

Segundo dados do Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (Cedefes), em Minas Gerais existem cerca de 500 comunidades quilombolas identificadas. A palavra Quilombo tem origem africana e significa acampamento ou fortaleza. Alguns documentos do período colonial e imperial apontam que na época o termo quilombo estava relacionado com os espaços ocupados por negros fugidos do sistema escravista. Contudo, ao longo dos anos, devido à luta por direitos empreendida por diversos grupos étnico-raciais, e assimilada por instituições, como a Fundação Palmares, o conceito foi reformulado. De acordo com o Decreto 4887/2003, comunidades quilombolas são: “grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida”.

Com isso, hoje, está associado às comunidades quilombolas um leque diferenciado e extenso de práticas, experiências e sentidos que têm em comum questões de auto-atribuição de identidade étnica, territorialidade, origem escrava e ancestralidade negra com cunho eminentemente identitário, sem deixar de ser a representação da resistência por direitos a uma participação política efetiva.

Confira a programação completa do Canjerê - Festival de Cultura Quilombola de Minas com diversas atrações que acontecem no Circuito Liberdade, em Belo Horizonte.

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Programação completa

FEIRA QUILOMBOLA

Cultura, artesanato, culinária e produtos quilombolas

Alameda da Educação

Dia 11, sexta-feira, 10h às 22h

Dia 12, sábado, 10h às 22h

Dia 13, domingo, 10h às 18h

 

PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA

11/05, sexta-feira

14h às 18h - Palco aberto com atrações culturais quilombolas

19h – Abertura oficial

20h – Kizomba (Comunidade quilombola Manzo)

20h40 - Pereira da Viola

12/05, sábado

14h às 18h - Palco aberto com atrações culturais quilombolas

19h – Mironê (Comunidade quilombola Carrapatos da Tabatinga de Bom Despacho)

20h – Grupo de Rap Realidade Negra (Comunidade quilombola de Campinho da Independência, Paraty, RJ)

13/05, domingo

14h às 18h - Palco aberto com atrações culturais quilombolas

9h – Cortejo: Concentração na Praça da Liberdade e segue para a Catedral de Lourdes

Guardas de congados de: Ribeirão das Neves, São Romão, Santa Luzia, Berilo, Minas Novas, Chapada do Norte, Janaúba, Jequitibá, Bom Despacho e Belo Vale.

14h às 18h - Palco aberto com atrações culturais quilombolas

DEBATES

Conjuntura brasileira e o papel das Comissões Regionais Quilombolas na promoção de direitos

Com representantes da N'Golo da região do Alto Vale Rio Doce e Jaíba e do Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva-Cedefes, uma Organização Não-Governamental de minas Gerasis sem fins lucrativos, filantrópica, de caráter científico, cultural e comunitário, de âmbito estadual, para promover a informação e formação cultural e pedagógica, documentar, arquivar, pesquisar e publicar temas do interesse do povo e dos movimentos sociais.

12/05, sábado, às 16h

Rainha da Sucata - Auditório

Segurança Alimentar e Nutricional e Alimentação Tradicional

Com Marilda Quintino Guimarães e Maria Catarina de Souza

12/05, sábado, às 10h

Rainha da Sucata – Teatro de Arena

 

OFICINAS

Não são necessárias inscrições prévias. Vagas limitadas

Comunidades em situação de conflitos: encaminhamentos e acionamento dos órgãos competentes

João Batista (Unimontes); Flávia Assis (NESTH/UFMG); Mesa de Conflitos do Estado

11/05, sexta-feira, 9h

Rainha da Sucata - Auditório

Mídia ativismo com utilização de celulares

Mídia Ninja

11/05, sexta-feira, 15h

Rainha da Sucata - Auditório

Praça Carlos Drummond de Andrade

Saberes tradicionais com mestres quilombolas

Dona Sebastiana (Carrapatos da Tabatinga);Lindomar (Mata do Tição)

12/05, sábado, 9h

Rainha da Sucata – Auditório

Tranças afro (oficina coletiva)

Mulheres quilombolas representantes das comunidades de Carrapatos da Tabatinga, Porto Pontal, Espinho e Gurutubanos

12/05, sábado, 10h às 17h

Capacitação política e formação de lideranças

Jesus Rosário Araújo (N’Golo);Sandra Maria da Silva (N’Golo);Antônio Bispo (Piauí)

12/05, sábado, 15h

Memorial Minas Gerais Vale - Auditório

CINEQUILOMBOLA – Exibição de filmes com sessões comentadas

 

12/05 – Memorial Minas Gerais Vale – Casa da Ópera

 

Sessão 1 – 10h às 12h (debate até às 13h)

“Quilombos - Cultura e Resistência” (Quilombos Três Barras, Buraco, Cubas e ASCAXAR, Municípios envolvidos: Dom Joaquim, Alvorada de Minas e Conceição do Mato Dentro. 2017. 22 min.) Direção: Fábio Brito.

“Quilombos da Serra do Cipó”  (Quilombos Mato do Tição (Jaboticatubas), Açude (Jaboticatubas); ASCAXAR (Dom Joaquim e Alvorada de Minas), Três Barras, Buraco e Cubas (Conceição do Mato Dentro). 2017. (72 min) Direção Bruno Vasconcelos e Alexia Melo

Debate: Lucas Hênrique e Adriana Maria de Fátima,  do Quilombo Ascaxar;  Alcione Aparecida Mendes, do Quilombo Buraco  e os realizadores Alexia Melo e Bruno Vasconcelos.

Sessão 2 – 13h às 14h (debate até às 14h)

“Filha de São Sebastião” (Quilombo Carrapatos da Tabatinga, Bom Despacho, MG, 2015. (47 min). Direção: Raquel Alvarez. (47 minutos).

               

Debate:   Senhora Sebastiana (Mãe Tiana), Quilombo Carrapatos da Tabatinga, realizadora Raquel Alvarez

 

Sessão 3 – 14h às 15h20 (debate até às 16h)

“Tem Quilombo na Cidade – Mangueiras, Luízes e Manzo N'gunzo Kaiango, patrimônio de BH” (Quilombos, Luizes, Manzo e Mangueiras, Belo Horizonte. 2017. 60 min) Direção Bruno Vasconcelos e Alexia Melo

“Águas Sagradas” (Quilombo Mangueiras, Belo Horizonte. 2017.10min38) Direção: Gustavo Jardim.

Debate: Makota Kidoiale (Cássia Cristina) e Mameto Muiande (Mãe Efigênia) do Manzo N'gunzo Kaiango; Ivone Maria de Oliveira; Tatiane de Oliveira Pereira e Ione Maria de Oliveira do Quilombo Mangueiras. Miriam Aprígio, Núbia Sidônio e Marcos Alberto Nunes do Quilombo Luízes e os realizadores Alexia Melo e Bruno Vasconcelos.

Sessão 4 – 16h às 17h (debate até às 17h30)

“Eles sempre falam por nós” (Belo Horizonte. 2018. 70 min) Direção: Carina Aparecida

Debate: Carina Aparecida, Sara Cristina Ferreira Nunes e Senhoras Julia Aprígio Benfica, Luiza Maria Sidônio e Luzia Maria Sidônio, do Quilombo Luizes

 

 DIÁLOGOS INSTITUCIONAIS

 

Gestão territorial - Cadastro Ambiental Rural, Cadastro Do Agricultor Familiar, Declaração de aptidão ao PRONAF – Emater, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, Instituto Estadual de Florestas, Delegacia Estadual do Ministério do Desenvolvimento Agrário

11/05, sexta-feira, 9h30

MM Gerdau Museu das Minas e do Metal - Auditório

Protocolo de consulta prévia em territórios quilombolas - Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Instituto Estadual de Florestas, ICMBIO, Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Cidadania e Participação Social, Instituto Socioambiental

11/05, sexta-feira, 14h

MM Gerdau Museu das Minas e do Metal – Auditório

A saúde quilombola sob uma perspectiva dos saberes tradicionais - Secretaria de Estado de Saúde, Fiocruz, Fundação João Pinheiro

11/05, sexta-feira, 15h

Anexo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais - Sala de cursos

Empoderamento e combate à violência de gênero - Subsecretaria de Políticas para Mulheres, Articulação das Mulheres do Campo, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Mulher (UFMG)

12/05, sábado, 15h

Anexo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais - Sala de cursos

Juventude quilombola: caminhos e desafios no âmbito das políticas públicas - CONEN, Claudinho (liderança de São Franscisco)

12/05, sábado, 10h

MM Gerdau Museu das Minas e do Metal – Auditório

Marco legal em foco pela efetivação dos direitos quilombolas: Artigo 68 ADCT, Decreto 4887/2003, Decreto Estadual 47289/2017 - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, João Batista (Unimontes), Ministério Público Federal, Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Cidadania e Participação Social, Secretaria de Patrimônio da União, Lilian Gomes (UFMG)

11/05, sexta-feira, 9h30

Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais - Sala de cursos do anexo

Educação Quilombola e cotas quilombolas nas universidades - Shirley Gomes (UFMG), Mário Cléber (PUC/MG), José Eustáquio (UEMG), Secretaria de Estado de Educação

12/05, sábado, 14h

Anexo da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais - Sala de cursos

 

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